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Quimioterapia pode ser evitada em alguns casos de câncer de mama

O início de junho veio com uma informação que pode trazer novas estratégias de combate ao câncer de mama de estágio inicial e com risco médio de reincidência da doença. Estudo feito nos Estados Unidos e apresentado na ASCO, maior congresso de oncologia clínica do mundo, constatou que é possível evitar a quimioterapia para mulheres nesta condição.
Dr. Bruno Pozzi, Dr. Cássio de Abreu e Dra. Laura Maria de Jesus Moreira estiveram em Chicago, onde aconteceu o congresso, e ouviram de perto o resultado da pesquisa, que teve o nome de TAILORx e foi publicado na "New England Journal of Medicine".
“Segundo a pesquisa, cerca de 70% das pacientes diagnosticadas com câncer de mama de receptores hormonais positivos e HER2 negativo poderiam ser tratadas apenas com terapia hormonal, sem a necessidade da quimioterapia. A condição para isto é que o tumor tenha sido diagnosticado precocemente e não haja comprometimento dos gânglios linfáticos, ou seja, sem metástases ou risco alto de recidiva”, descreve Dr. Bruno.
Em geral, pacientes com câncer de mama passam pela cirurgia que retira o tumor e depois seguem protocolos de quimioterapia, que variam conforme cada caso. Com este novo estudo, há uma indicação de que parte das pacientes faça apenas a terapia hormonal. “É um tratamento menos agressivo que a quimioterapia e com menos efeitos colaterais também”, pontua Dra. Laura. Ela explica que para saber se este protocolo é o indicado, as pacientes precisam passar por um teste genético, o Oncotype DX. “É com base na pontuação obtida neste exame que a equipe médica terá dados para indicar ou não a quimioterapia”, diz.
O estudo é um grande avanço na oncologia, pois inclui muitos casos de câncer de mama. “Cerca de 50% de todos os cânceres de mama são de receptor hormonal positivo, receptor HER2 negativo e negativos para linfonodos axilares, ou seja, desde que diagnosticado em fase inicial, uma boa parte das mulheres com a doença não teria a necessidade da quimioterapia. O estudo apontou que isso seria possível em cerca de 70% das mulheres com essas características, os outros 30% teriam que passar pela quimioterapia como parte do tratamento”, acrescenta Dr. Bruno Pozzi.
Dr. Cássio aponta que o tratamento do câncer é sempre individualizado, traçado de forma estratégica. “Agora temos mais uma informação para ser levada em conta na hora de escolher a melhor conduta. Com base nesta informação genômica, a quimioterapia pode não ser a melhor escolha para determinados casos de câncer de mama. Com certeza é um grande avanço da medicina oncológica”, afirma. Ele lembra que já havia casos em que não se prescrevia a quimioterapia, e que este novo estudo ampliou essa possibilidade.
Para chegar a este resultado, a pesquisa teve a participação de 10.273 mulheres, com idades entre 18 e 75 anos. Parte do grupo passou pela quimioterapia e terapia hormonal e outra apenas pela terapia hormonal. Os resultados geraram estes dados, apontando que a quimioterapia não traria resultados para pacientes com baixo risco de recidiva da doença (que já era conhecido) e também com risco intermediário, que foi a grande novidade.
Para o Brasil, o que talvez reduza a escolha desta conduta seja o alto custo do Oncotype DX, cerca de R$ 13,5 mil. “A parte financeira pode ser um empecilho em alguns momentos, mas não reduz a importância desta pesquisa, que foi de fato um dos maiores avanços na oncologia clínica atual”, finaliza Dr. Cássio.