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Hormonioterapia é indicada para alguns casos de câncer

Melhorar a eficácia dos tratamentos e reduzir os efeitos colaterais deles é um dos desafios oncologia. Uma dos tratamentos que traz resultados a pacientes com câncer de mama e próstata, por exemplo, é a hormonioterapia. Oncologista clínica, Marcela Jorge Uchôa explica que este tratamento, como a quimioterapia, age de forma sistêmica, ou seja, em todo o corpo. “Mas ele tem como diferencial o fato de ter menor toxicidade, e isso faz com que seja bem tolerado pelos pacientes”, salienta.
O câncer é uma doença que atinge as células. Em pessoa com a doença, há o surgimento das células neoplásicas que passam a se multiplicar. Os hormônios (são vários) existem para promover o crescimento das células e, em um organismo saudável, isso é benéfico. Mas quando o câncer se instala, hormônios como o estrogênio (nas mulheres) e a testosterona (nos homens) podem favorecer o desenvolvimento das células doentes, que se multiplicam. “O objetivo da hormonioterapia é justamente reduzir a concentração de hormônios femininos ou masculinos no organismo ou mesmo bloquear suas ações, evitando que as células com câncer cresçam”, completa Dra. Marcela.
A especialista pondera que não são todos os casos de câncer de mama que têm indicação desse tratamento. “A terapia hormonal só é indicada para câncer de mama quando há células que apresentam positividade para receptores hormonais. Nem todas as células tumorais crescem a partir do estímulo hormonal, apenas aquelas que possuem receptores para estrógeno na sua superfície, estes sim se tornam “portas de entrada” para o hormônio, permitindo sua penetração e ação nas células”, diz.
O tipo de hormonioterapia e o momento em que será aplicado dependerá de diversos fatores relacionados ao tumor, como idade do paciente e risco de efeitos colaterais. “Ela pode ser usada em um protocolo de tratamento com intenção de curar ou até mesmo para evitar o avanço da doença, quando a cura não é mais possível”, acrescenta dra Marcela.
Ela detalha que a hormonioterapia pode ser feita de três formas. Na medicamentosa há a administração de fármacos. Isso é feito tanto por via oral como por injeções subcutâneas ou intramusculares. “A hormonioterapia medicamentosa é a forma mais frequentemente utilizada para o câncer de mama”, friza. Na homonioterapia cirúrgica é feita a remoção dos ovários ou testículos, por exemplo. Já a Radioterápica, menos utilizada, é feita mediante a irradiação dos ovários.
Os hormônios usados no tratamento do câncer têm seus efeitos tóxicos tanto sobre as células tumorais como sobre as normais. “Por isso é inevitável a existência de efeitos colaterais indesejáveis, porém são efeitos geralmente muito brandos e bem toleráveis. Os mais comuns observados são os fogachos (ondas de calor no corpo), impotência sexual, ressecamento vaginal, perda do desejo sexual, alterações dos níveis das gordura do sangue, ganho de peso e maior risco de entupimento das veias das pernas (trombose)”, enumera.
Para Dra. Marcela, o principal cuidado é seguir estritamente as orientações do médico e nunca sair com dúvidas de uma consulta. “Isso ajuda no entendimento do que vem pela frente e contribui muito para a segurança e o bem-estar durante essa caminhada”, conclui.