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Superação não tem limites

Até onde sua força vai? Qual o limite do seu corpo? Onde bate o seu coração? Fabrícia Campi, 38 anos, reuniu força de vontade, suor, fé e muito amor para superar um câncer avançado. O resultado foi na contramão de todos os prognósticos, ela desafiou o improvável e, 8 anos após ser diagnosticada com câncer de mama, já com metástases no fígado e nos ossos, está feliz, linda, saudável e casada. Tudo começou com um nódulo na mama.
“Estava com 30 anos e senti um nódulo. Fui à médica e ela disse que era um nódulo normal, para eu ficar tranquila, e fiquei. Mas percebi que ele estava aumentando, meu sogro é médico, e por indicação dele fui novamente à médica para solicitar que fosse feita uma punção. A médica que fez a punção me disse para ficar tranquila, que só de apalpar já sabia que não era nada, e a punção foi feita. Fiquei tão tranquila, já que duas médicas tinham falado que não era nada, que demorei a pegar o resultado. Cerca de 1 mês depois peguei o laudo e levei para o meu sogro ver. Ele me encaminhou direto para um mastologista, com urgência, era câncer”, recorda.
A sequência dos dias passou tão rápido que mal deu tempo de digerir tudo. Uma biópsia foi feita, o diagnóstico das metástases veio, mas Fabrícia não ficou sabendo da gravidade do quadro. “Falaram apenas para o meu pai, eu tinha cerca de 6 meses de expectativa de vida. Meu pai chorava, dizia que me amava. Fui parar em São Paulo, no Sírio Libanês, para consultar com o Dr. Artur Katz e o tratamento começou”, conta.
Fabrícia iniciou o tratamento em São Paulo e em Londrina, em parceria. Por aqui, o oncologista clínico Dr. Cássio José de Abreu foi seu médico. De início, 22 sessões de quimioterapia a esperavam, e foram feitas ao longo de mais de 1 ano. “Não tinha como operar de imediato. Nesse início, entrei em choque, não falava com ninguém, fiquei muda por 1 mês, não queria que meu cabeço caísse, foi um estado de choque mesmo”, conta. Passados 15 dias após a primeira sessão de quimioterapia, os cabelos caíram. “Usei uma peruca durante todo o tempo, não queria que me vissem careca, me ver careca também me remetia ao câncer e não queria isso. Eu mesmo não me via careca, usava a prótese e naquele momento isso foi muito bom”, diz.
Durante todo esse tempo, a musculação foi uma grande aliada de Fabrícia. “Sempre treinei muito, e não parei nesse período. Fazia a quimioterapia e no 4°dia após a sessão já ia pra musculação. Minha recuperação foi duas vezes mais rápida comparada a quem não faz exercício, a atividade física ajudou. Estar no ambiente da academia me remetia a um ambiente saudável, me fez muito bem”, reforça.
Na época, Fabrícia namorava o “Gabi”, um anjo que apareceu no caminho. “Namorávamos há 7 meses quando veio o diagnóstico. Cheguei a terminar com ele no início, mas ele não aceitou (rs). Eu dizia pra ele que ia ficar feia, que ele não merecia isso, mas ele ignorava. No início eu dei muito trabalho, passei por momentos de revolta com Deus, fiquei insuportável. Até que um dia ele me disse uma frase que foi de mudança na minha cabeça. O Gabi disse: ‘Se você não vai lutar por amor a você, lute pela vida, pelo amor que temos’, e isso me transformou, eu amava ele”, recorda.
Após as quimioterapias veio a cirurgia para a retirada da mama (mastectomia radical). “Tirou tudo, esvaziou a axila, não ficou nada. Terminada a cirurgia tinha osso e pele onde antes tinha uma mama. Depois teve a fase da reconstrução da mama, usei o expansor até que a prótese foi colocada. O câncer do fígado sumiu com as sessões de quimioterapia, já o dos ossos não tem cura. Vou tomar medicamentos por toda a vida”, pontua.
A cada 28 dias, Fabrícia toma injeções de medicações, uma delas é um bloqueador hormonal. “As células com câncer ficam adormecidas”, compara. A vida segue seu fluxo, com mais cor, brilho e energia. Casada há 3 anos com o Gabi, ela celebra a alegria de viver em todos os instantes e segue firme na malhação diária. “Estou no lucro, já se passaram 8 anos. Se fecho os meus olhos, penso: ‘aconteceu tudo isso!’. Eu emagreci muito, depois inchei muito, fiquei cheia de celulite, não me reconhecia no espelho! Falaram que eu ia ter uma tendência maior de acumular gordura no abdômen e nos culotes por conta das medicações e foi aí que intensifiquei ainda mais a malhação e transformei o meu corpo. Comecei a me cuidar na raça e venci, não deixei nada disso me abalar, a minha cabeça foi mais forte”, declara.
Com 2 cachorrinhos lindos como companhia, um deles vindo durante as sessões de quimioterapia para ajudar no processo de recuperação, Fabrícia tem seus sonhos e desejo de viver a maternidade. “Não deu tempo de retirar os meus óvulos para congelamento, então não tem como eu gerar uma vida hoje, mas não me permito ficar triste por isso, Deus me deu a oportunidade de viver, e eu vivi e sigo vivendo”.
Dividir toda essa história não foi tarefa fácil. “Hoje eu falo do câncer, mas demorou. No ano passado eu curti uma matéria da revista Boa Forma de uma pessoa que tinha superado uma doença e comentei na postagem que eu tinha vencido o câncer. A equipe da revista me procurou e duas semanas depois eu estava em São Paulo para a matéria. Senti que aquilo era de Deus, que era para eu compartilhar a minha história, a minha vida, para que outras pessoas também lutassem pela vida delas. Era a hora de testemunhar o meu milagre. Hoje muitas me pedem ajuda pelo Instagram, falam de como superaram a doença, de como ganharam forças”, diz.
A história de Fabrícia segue ganhando vida pelas redes sociais e inspirando pessoas de todas as idades a viver com plenitude, alegria e garra. Viver, de fato, vale muito a pena.