Informativo

Praticar exercícios também é cuidar de si

Neste Outubro Rosa, lembro a todas as mulheres, como faço diariamente com minhas pacientes, da grande importância do exercício/atividade física em nosso dia a dia. Nos últimos 15 anos cresceu muito o número de pesquisas científicas realizadas com o intuito de comprovar a relação benéfica entre a atividade física e o câncer, a maioria delas com resultados bastante positivos.

PREVENÇÃO

Inúmeros são os benefícios tanto nas pessoas que não têm o diagnóstico de câncer, quanto naquelas que estão fazendo tratamento e também nas pessoas que já terminaram seu tratamento.

O exercício tem um papel protetor no aparecimento de tumores. Um estudo mais recente publicado na revista médica JAMA demonstrou redução do risco de desenvolvimento de 13 tipos de câncer, incluindo alguns dos mais incidentes no Brasil como mama, adenocarcinoma de pulmão e intestino.

Os pesquisadores apontam que o exercício atua no sistema imunológico ajudando na regulação dos níveis de várias substâncias, tanto nas que inibem o desenvolvimento dos tumores e como nas que facilitam, equilibrando o organismo.

DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

Pessoas que estão em tratamento também devem ser estimuladas a prosseguir com suas atividades físicas, claro que respeitando as limitações da patologia de cada paciente e dos efeitos adversos do tratamento. Um estudo publicado este ano, promovido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), mostrou que 75% dos pacientes param a atividade física após o diagnóstico de câncer. As principais razões são fadiga, dor, dificuldade de motivação, e disciplina.

A fadiga é um dos sintomas mais comuns e incapacitantes decorrentes do tratamento e da própria doença, podendo persistir até mesmo após o tratamento. Os estudos têm mostrado melhora na fadiga e outros fatores em pessoas que praticam atividades físicas. Além de melhorar a disposição, melhora a autoestima e ainda proporciona um bem estar psicológico, ajudando bastante no tratamento. É possível continuar se exercitando, respeitando as mudanças que ocorrem no organismo e fazendo as adaptações necessárias aos exercícios propostos. Acompanhamento com um profissional capacitado é fundamental. As contraindicações se relacionam a exercícios vigorosos e intensos geralmente em período de febre, dor, sangramento e infecções.

A ATIVIDADE FÍSICA TAMBÉM É IMPORTANTE APÓS O TRATAMENTO

Ela melhora sintomas como a perda de memória, referida por várias pacientes após o tratamento, melhora a saúde óssea e parece também reduzir o risco de recidiva da doença. Recentemente foi publicada uma pesquisa realizada com 2.837 mulheres operadas de câncer de mama e que praticavam exercícios aeróbicos. Esse estudo mostrou uma significativa redução do risco de recidiva nas mulheres que praticavam exercícios, principalmente nos primeiros 2 anos, quando comparado com aquelas que não praticavam.

Enfim, ainda muitas pesquisas estão sendo feitas e apesar dos mecanismos ainda não totalmente esclarecidos, já temos dados suficientes para enfatizar o impacto fundamental da atividade física promovendo a saúde e auxiliando no tratamento e também na recuperação e reabilitação. Não devemos descuidar disso.

 

Dra. Laura Maria de Jesus Moreira, oncologista clínica