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Há vida após o câncer?

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Quando surge um diagnóstico de câncer, vem com ele, em muitos casos, a sensação de morte prematura, de estar em um caminho encurtado e sem volta. O estigma da doença é tão forte que muitas vezes segue acompanhando o paciente mesmo após a cura. Oncologista clínico, Dr. Bruno Pozzi afirma que um dos maiores desafios do câncer não é orgânico, mas, sim, o impacto psicológico que ele causa. “Apesar dos avanços da medicina no tratamento e na detecção precoce do câncer, temos muitos vestígios da noção que nossos avós possuíam sobre a doença. Os antigos viam o câncer como ‘doença ruim’, sinônimo de morte, e o impacto cultural desta percepção é sentido de maneira constante em nosso cotidiano”, relata.

Em linhas gerais, o paciente é considerado curado da doença 5 anos após o tratamento. Até esse momento, ele passa por visitas regulares ao médico para acompanhamento. Esse tempo é utilizado por ser um marco de redução de riscos de ter câncer novamente. Mas Dr. Bruno pontua que isso é variável. “Ninguém está isento de riscos, seja ele um câncer que ‘volta’ ou uma doença ‘nova’. Basta estarmos vivos para termos chance de adoecer, é o que digo aos meus pacientes. No lado positivo, sabemos que estatisticamente após 5 anos o risco cai a seus níveis mais baixos. Por isso podemos afirmar com tranquilidade para a maioria de nossos pacientes que a cura ocorreu”, esclarece.

A experiência clínica, diz Dr. Bruno, revela uma vida diferente em quem passa pelo câncer. “Por um lado vejo pacientes que se tornaram mais fortes, mais resolvidos e dando mais valor a sua vida. Mas há também uma sensação de receio, é como se o câncer deixasse uma cicatriz que fica gravada na mente e no espírito. Em maior ou menor grau, todos eles se lembram do que passaram e carregam eternamente consigo o peso dessa batalha”.

Somado a isso, há alguns tipos de câncer que deixam sequelas, como a mastectomia e a colostomia. Dor recorrente e inchaço também são relatados por alguns pacientes. “Por isso acredito muito no tratamento multidisciplinar, é ele que traz apoio integral ao paciente, que auxilia a ter a vida de volta, a ultrapassar as barreiras. Muitas vezes falta esse atendimento de longo prazo aos pacientes, acredito que todos deveriam ter esse acompanhamento. Enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, todos têm uma parcela extremamente importante na reabilitação física e psicológica desses indivíduos que já passaram por tantas batalhas”, diz.

Ao final do tratamento, o paciente terá derrotado o seu pior inimigo, mas não necessariamente terá chegado ao fim. “O que quero concluir é que, embora a maior batalha já tenha sido vencida, a guerra continua sendo travada dia a dia. O sobrevivente de câncer é um herói, só ele sabe o que teve que passar. Nós só podemos imaginar e dar todo apoio que ele merece. A vida após o câncer existe, e pode ser muito boa, só precisamos todos trabalhar juntos para que isso aconteça”, finaliza Dr. Bruno Pozzi.

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