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Câncer de mama em mulheres jovens

O câncer de mama não escolhe hora para aparecer e não há uma causa única definida para que a doença se instale. Todos os anos, 60 mil mulheres são diagnosticadas com a doença, por isso é fundamental realizar exames de rastreamento da doença, como mamografia e ultrassom. A detecção precoce é a melhor forma de buscar a cura. Independente da idade, procure fazer as consultas anuais com seu médico de confiança.
“Ao contrário de alguns tipos de neoplasias, para as quais existe relação clara entre o fator de risco e o aparecimento da doença, no câncer de mama não há fatores isolados que possam explicá-lo. Claro que podemos apontar fatores conhecidos que estão associados ao aumento do risco como ser do sexo feminino e a idade, a presença de outros casos na família e o histórico pessoal de doenças de mama, a menarca precoce e menopausa tardia, idade da primeira gestação após 35 anos, o uso crônico de bebida alcoólica, dieta rica em gordura, terapia hormonal de uso prolongado e fatores genéticos (mutação de genes – responsável por 10% de todos os casos de câncer de mama)”, explica Dra. Marcela Jorge Uchoa, oncologista clínica. Mas, mesmo a idade sendo um dos fatores mais relevantes, é grande o número de casos em mulheres mais jovens.
Ísis Fraiz teve câncer de mama aos 25 anos. Ela sentiu massa diferente na mama e foi buscar o diagnóstico. Inicialmente, o resultado mostrou que não era nada, mas como a massa seguia crescendo, ela foi novamente ao médico. Um novo ultrassom definiu o resultado como “suspeito” e ela foi orientada a buscar um mastologista. “A minha médica pediu que eu buscasse um mastologista, era férias, foi difícil conseguir horário. Consegui um encaixe para o dia 2 de janeiro, primeiro dia que a mastologista estaria atendendo na volta das férias. Ela olhou para mim, olhou o exame e já agendou uma biópsia para o dia seguinte, vi que ela estava com pressa”, conta.
O diagnóstico de câncer foi confirmado e Isis passou por mastectomia e quimioterapia durante o tratamento. “Não queria fazer a quimioterapia de jeito nenhum, tinha muito medo. Quando cheguei ao consultório do Dr. Bruno Pozzi, ele disse: ‘se fosse a minha irmã, eu faria a quimioterapia’. Ele me passou muita segurança, sou muito nova, tenho a vida toda pela frente. Assim, comecei o tratamento, foram 6 sessões”, conta.
Ísis já retornou a Belo Horizonte, onde mora, mas com um olhar diferente para vida. “Minha vida está sendo diferente e com certeza isso também aconteceu na vida das pessoas que me cercam. Tive muito apoio de todos, me senti muito amada, alcancei a luz no fim do túnel. Vivenciei tudo, a doença me transformou em uma pessoa melhor”.
Fabrícia Campi também teve câncer de mama bem jovem. “Estava com 30 anos e senti um nódulo. Fui à médica e ela disse que era um nódulo normal, para eu ficar tranquila, e fiquei. Mas percebi que ele estava aumentando, meu sogro é médico, e por indicação dele fui novamente à médica para solicitar que fosse feita uma punção. A médica que fez a punção me disse para ficar tranquila, que só de apalpar já sabia que não era nada, e a punção foi feita. Fiquei tão tranquila, já que duas médicas tinham falado que não era nada, que demorei a pegar o resultado. Cerca de 1 mês depois peguei o laudo e levei para o meu sogro ver. Ele me encaminhou direto para um mastologista, com urgência, era câncer”, recorda.
Fabrícia iniciou o tratamento em São Paulo e em Londrina, em parceria. Por aqui, o oncologista clínico Dr. Cássio José de Abreu foi seu médico. De início, 22 sessões de quimioterapia a esperavam, e foram feitas ao longo de mais de 1 ano. “Não tinha como operar de imediato. Nesse início, entrei em choque, não falava com ninguém, fiquei muda por 1 mês, não queria que meu cabelo caísse, foi um estado de choque mesmo”, recorda.
Na sequência ela fez a matectomia e hoje, aos 38 anos, segue firme e ainda toma medicações porque o câncer, além da mama, atingiu o fígado (já sem sinais da doença) e os ossos (que deverão ser sempre controlados com medicações). “Hoje eu falo do câncer, mas demorou. No ano passado eu curti uma matéria da revista Boa Forma de uma pessoa que tinha superado uma doença e comentei na postagem que eu tinha vencido o câncer. A equipe da revista me procurou e duas semanas depois eu estava em São Paulo para a matéria. Senti que aquilo era de Deus, que era para eu compartilhar a minha história, a minha vida, para que outras pessoas também lutassem pela vida delas. Era a hora de testemunhar o meu milagre. Hoje muitas me pedem ajuda pelo Instagram, falam de como superaram a doença, de como ganharam forças”, diz.
Ler relatos como as histórias de Ísis e Fabrícia mostra que não se pode descuidar em momento algum da saúde e do próprio corpo. “O diagnóstico precoce continua sendo um dos principais fatores que influenciam na conduta médica e futuro dessas pacientes, com menor agressividade ao tratamento e melhor prognóstico”, frisa Dra. Marcela, reforçando a importância de realizar os exames necessários de acordo com a faixa etária e seguindo orientação médica.
É imprescindível que a mulher procure ajuda médica sempre que encontrar algo suspeito na mama e que se fortaleça e busque informação com os médicos em caso de diagnóstico de câncer. “Faça escolhas saudáveis, sinta-se bem, reveja seus objetivos, encare a vida de uma nova forma. Com o tratamento de câncer, há uma batalha pela frente, é importante ver isso como um desafio a ser vencido, onde você será a peça central nesse processo e, lembre-se, o mundo não desabou, a cura é possível em um grande número de casos”, conclui Dra. Marcela.