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Câncer de mama e a sexualidade

http://oncologialondrina.com.br/Maria Laura Monteiro

Qualquer tipo de câncer costuma ser traumático para as pessoas e acarreta em consequências físicas e emocionais que precisam ser acompanhadas de perto pelo médico e por profissionais da saúde capacitados para trabalhar o lado mental e emocional do paciente. Segundo a psicóloga Maria Laura Monteiro, um dos aspectos que precisam ser cuidados é a sexualidade. “Existem aspectos relevantes que devem ser conhecidos para tornar possível a compreensão da vida sexual de pacientes que sofrem de qualquer tipo de câncer. O primeiro está relacionado à reação  diante da descoberta do câncer, que algumas vezes exige mutilação do órgão ou da glândula afetada. É comum a pessoa que recebe o diagnóstico de câncer passar por diferentes períodos emocionais como: negação, depressão, revolta, indignação, dentre outros”, aponta.

Maria Laura destaca que na fase de depressão e da revolta, a atividade sexual vai sofrer o maior impacto. “O paciente se preocupa mais com a sua saúde, exames, medicamentos, cirurgia, radioterapia, quimioterapia do que com sua vida sexual. O desejo sexual diminui muito ou desaparece. A atividade sexual, para muitas pessoas, fica esquecida quando há  muitas preocupações na cabeça. No caso específico de pessoas com câncer, a sexualidade fica quase que naturalmente em segundo plano. Muitos indivíduos passam a se ver sem quase nenhuma autoestima, com tristeza e com muito medo de não mais corresponder às demandas sexuais do parceiro. Ser considerado como doente, vítima e passível de pena evidentemente afetam a autoestima. Os relacionamentos acabam se complicando bastante, principalmente quando não há muito diálogo aberto e franco entre o casal”, descreve.

Não é incomum que o paciente se sinta sozinho, incompreendido, muitas vezes com dificuldade de comentar ou de perguntar algo sobre a sua vida sexual para o médico. “Este é o momento de buscar ajuda terapêutica para resignificar a sexualidade abalada neste momento. Convém lembrar que há medicações antidepressivas que podem ser utilizadas e que trazem uma melhora no quadro depressivo e na vida sexual do paciente. Neste caso, é aconselhável que se procure a ajuda de um psiquiatra”, pontua a psicóloga.

Maria Laura destaca um segundo aspecto de extrema importância no que se refere à sexualidade e o câncer: é quando a doença atinge áreas como a mama, que afetam de forma direta o desempenho da atividade sexual. “Nestes casos, o médico pode apresentar opções que ajudem a melhorar a autoestima da mulher, como a opção da realização ou não da reconstrução mamária concomitantemente à cirurgia ou em outro momento”, diz.

Ela pontua que o fato de perder a mama leva à sensação de corpo imperfeito que pode gerar diversos problemas ligados à sexualidade, tais como: dificuldade em agir sedutoramente, dificuldade em despir-se na frente do parceiro, não visualização e toque da cicatriz cirúrgica pelo marido e, algumas vezes, uma diminuição da atividade genital representando uma mescla de autoestima e imagem corporal abalada. “O câncer afeta a vida de um casal em várias dimensões. Ambos devem procurar formas de adaptação que tragam de volta a intimidade e a cumplicidade. Com a estabilidade do câncer, o desejo sexual reaparece e volta a ser importante. O ideal é que as mulheres sejam bastante sinceras com seu parceiro em relação a seus sentimentos e sensações. O médico poderá indicar técnicas que facilitem a superação das dificuldades sexuais, considerando que também ocorre a diminuição da libido quando indicado hormonioterapia, por exemplo. Além do médico oncologista, é aconselhável buscar um psicólogo, pois a libido no campo do desejo sexual está vinculada a aspectos emocionais e psicológicos”, descreve.

Esta é uma das razões pelas quais o atendimento psicológico durante o tratamento se faz importante. “Estas intervenções do psicólogo vão além da simples humanização dos serviços de saúde, devendo contribuir efetivamente para a melhoria das condições psicofisiológicas da paciente, para sua recuperação, controle da doença e qualidade de vida. Ao esclarecer gradativamente as dúvidas, o limiar de ansiedade diminui, o medo desaparece, o vínculo e a confiança são estabelecidos entre terapeuta e paciente e os resultados começaram a surgir com a restauração da estrutura psíquica da paciente”, afirma.

Para finalizar, Maria Laura salienta: “Sexualidade e qualidade de vida andam juntas”.

 

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