Informativo
Câncer de mama, diagnóstico precoce faz diferença no prognóstico da doença

Todos os anos, cerca de 50 mil mulheres recebem o diagnóstico de câncer de mama no Brasil. O número é alto, aliás, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente em mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. “Na primeira consulta, é possível observar uma grande ansiedade das pacientes que receberam este diagnóstico e o questionamento mais frequente é: por que aconteceu tudo isso?”, diz Dra. Marcela Jorge Uchôa, oncologista clínica.
Segundo ela, não há uma resposta única para esta questão. “Ao contrário de alguns tipos de neoplasias, para os quais existe relação clara entre o fator de risco e o aparecimento da doença, no câncer de mama não há fatores isolados que possam explicá-lo. Claro que podemos apontar diversos fatores conhecidos que estão associados com o aumento do seu risco como ser do sexo feminino e a idade (os principais), a presença de outros casos na família e o histórico pessoal de doenças de mama, a menarca precoce e menopausa tardia, idade da primeira gestação após 35 anos, o uso crônico de bebida alcoólica, dieta rica em gordura, terapia hormonal de uso prolongado e fatores genéticos (mutação de genes – responsável por 5% de todos os casos de câncer de mama)”, explica.
No Brasil, as taxas de mortalidade continuam elevadas – aproximadamente 12mil casos/ano. “Isto acontece devido ao descobrimento da doença em fase avançada, o que leva o câncer de mama a ser a maior causa de morte por câncer entre as mulheres”, alerta a especialista.
Há diversos tipos de células malignas que provocam o câncer de mama e também há diferentes estruturas mamárias em que a doença pode se instalar. “O câncer de mama pode ser classificado em diversos tipos, sendo esta classificação muito importante na nossa prática clínica tanto para definir estratégias terapêuticas como para prognóstico. O diagnóstico precoce continua sendo um dos principais fatores que influenciam na conduta médica e futuro dessas pacientes, trazendo uma menor agressividade ao tratamento e melhor prognóstico”, frisa Dra. Marcela, reforçando a importância de realizar os exames necessários de acordo com a faixa etária seguindo orientação médica.
Com o diagnóstico do câncer de mama confirmado, o médico irá discutir com a paciente as melhores opções de tratamento para o seu caso, baseado principalmente em algumas características do tumor e do paciente. “Há diversos tipos de conduta frente ao câncer de mama. A cirurgia é a modalidade de tratamento mais antiga, principalmente quando o tumor está em estágio inicial e em condições favoráveis para sua retirada. Outras modalidades incluem a quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapia-alvo e mudança do estilo de vida”, descreve Dra. Marcela.
A forma e a sequência em que os tratamentos vão acontecer depende principalmente do estadiamento do tumor. “A hormonioterapia, a quimioterapia e terapia-alvo são medicamentos que podem ser orais ou intravenosos pois atingem os órgãos do corpo através da corrente sanguínea (terapia sistêmica), por isso elas podem ser administradas após a cirurgia, chamado assim de terapia adjuvante, sendo um complemento ao procedimento onde o tumor foi completamente removido. Neste caso, elas têm como função erradicar as lesões microscópicas que podem causar recidiva do tumor. Já o tratamento neoadjuvante significa ser um tratamento inicial com objetivo de diminuir o tumor facilitando o procedimento cirúrgico. Pode ser útil para reduzir a área a ser operada, preservando a função e o órgão”, exemplifica.
Mesmo nos casos em que não se consegue erradicar completamente o tumor, ou seja, na doença metastática, o tratamento sistêmico está indicado para melhorar a qualidade e a expectativa de vida. “Todos esses tipos de tratamento podem ser realizados de forma isolada ou em combinação, lembrando que a melhor opção será definida pelos médicos pensando na qualidade de vida da paciente, sintomas, agressividade do tumor, dentre outros fatores”, salienta a oncologista.
Quando falamos em câncer de mama, não podemos olhar só para o tumor em si. “Não se pode esquecer que o plano geral de cuidados deve incluir o bem-estar psicológico e alimentar, situações familiares, profissionais e sociais. Como já citado, muito estudos relacionam o aparecimento de doenças com fatores externos como a dieta, tabagismo e atividade física. Desta forma, como esses fatores dependem da escolha de cada paciente, cada um tem uma parte importante na batalha contra o câncer”, pontua.
É imprescindível que a mulher procure ajuda médica sempre que encontrar algo suspeito na mama e que se fortaleça e busque informação com os médicos em caso de diagnóstico de cancer. “Faça escolhas saudáveis, sinta-se bem, reveja seus objetivos, encare a vida de uma nova forma. Com o tratamento de câncer, há uma batalha pela frente, é importante ver isso como um desafio a ser vencido, onde você será a peça central nesse processo e, lembre-se, o mundo não desabou, a cura é possível em um grande número de casos”, conclui Dra. Marcela.